FOLCLORE
Todos os povos possuem suas
tradições, crenças e superstições,
que se transmitem através das tradições, lendas, contos, provérbios, canções, danças, artesanato, jogos, religiosidade, brincadeiras infantis, mitos, idiomas e dialetos característicos,
adivinhações, festas e outras atividades culturais que nasceram e se
desenvolveram com o povo.
A UNESCO declara
que folclore é sinônimo de cultura popular e
representa a identidade social de uma comunidade através de suas criações
culturais, coletivas ou individuais, e é também uma parte essencial da cultura
de cada nação.
Em Pernambuco, como em todas as
regiões e estados brasileiros é um celeiro cheio de crenças e tradições
multiculturais, portanto faremos um passeio pelo folclore pernambucano que, pela
influencia de europeus e vários outros povos no início de nossa
colonização, o gosto pelas danças da corte, pelos bailados
e epopeias; dos negros escravos, os requebros, a religiosidade e ritmos
cadenciados; dos índios, o misticismo, a graça e a leveza de movimentos,
próprios de uma raça que tinha na dança o reflexo do seu dia-a-dia,
dando as mais variadas expressões populares, quase sempre associadas aos
principais ciclos festivos:
Ciclo Carnavalesco: é a principal festa popular,
manifestando-se em praticamente todo Estado. Destaque para Olinda e Recife. Blocos, troças, clubes, maracatus (rural e de baque virado),
caboclinhos, ursos, blocos anárquicos, escolas de samba, afoxés, mascarados,
bonecos gigantes, bois de carnaval.
Ciclo
Quaresmal: malhação
de Judas, serra velho e micarême, sendo este um carnaval no Sábado de Aleluia,
manifestação bastante observada há anos passados e que vem sendo revivida
atualmente.
Ciclo Junino: ocorre
durante o mês de Junho, quando se homenageia Santo Antônio, São João e São
Pedro. Manifesta-se em praticamente todo o Estado. Destaque para Caruaru ( a
capital do forró ) Carpina, Paulista, Petrolina, Recife e Olinda. É tempo de
fogueira, de ruas enfeitadas de bandeirolas e balões, de fazer adivinhações, de
soltar fogos, de apreciar bandas de pífano, cantadores, acorda povo,
bacamarteiros, violeiros, emboladores e de dançar quadrilha, forró, ciranda, xote,
xaxado, coco e baião.
Ciclo
Natalino: seu
principal representante é o pastoril. Pode-se também observar o pastoril profano,
a queima da lapinha, o reisado, a cavalhada, o fandango e o bumba – meu – boi.
LENDAS:
Recife - Pernambuco
A lenda da Perna Cabeluda surgiu em Recife, Pernambuco, na década de 1970, sem que ninguém saiba precisar quando isso realmente aconteceu. Afinal de contas, lenda é lenda, não tem pai, nem mãe, nem certidão de nascimento, nada, afinal, que possa comprovar quando, onde e como começou a ser falada. Apenas aparece, vai aos poucos se tornando conhecida de mais e mais gente, e quando menos se espera lá está ela incluída no folclore de algum lugar.
Pois a história da Perna Cabeluda passou pelo mesmo processo de divulgação popular, foi mencionada em letras musicais, serviu de tema em literatura de cordel e filme, comentada em rádio e serviços de alto-falante, ganhou fama e tornou-se conhecida. Resumindo, caiu na boca do povo.
Pois a história da Perna Cabeluda passou pelo mesmo processo de divulgação popular, foi mencionada em letras musicais, serviu de tema em literatura de cordel e filme, comentada em rádio e serviços de alto-falante, ganhou fama e tornou-se conhecida. Resumindo, caiu na boca do povo.
Muitas são as explicações sobre a origem da lenda. Uma a vincula ao achado de uma perna humana cabeluda que se encontrava boiando no rio Capibaribe, caso que por não ter sido solucionado pela polícia transformou-se em prato cheio para a imprensa. Que inicialmente alimentou a esperança de encontrar alguém capaz de clarear o assunto, e por isso perguntou em suas páginas: De onde veio a perna? De quem era ela? Como foi parar no rio? Quem a amputou? Mas em vão...
Surgiu então a proposta da criação de versões fantasiosas, sensacionalistas, porque, afinal de contas, o jornal precisava atrair a atenção de alguma forma, para poder vender seus exemplares. Foi quando se começou a dizer que a perna mal-assombrada corria atrás das pessoas nas ruas da capital pernambucana, tudo avalizado pelo depoimento de “testemunhas” que afirmavam terem sido perseguidas por ela. E assim continuou sendo feito por algum tempo, até que a brincadeira cansou, e com isso os relatos sobre a perna cabeluda foram suspensos. Mas o povo não a esqueceu porque os guardiões das idéias, artistas e escritores, em geral, mantiveram-na viva na memória dos recifenses.
Bráulio Tavares, natural de Campina Grande, Paraíba, escritor, poeta, compositor, roteirista e colunista de renome, dá uma outra versão ao assunto: Diz ele, em seus escritos, que:
“Entre as lendas urbanas mais curiosas do Nordeste está sem dúvida a da Perna Cabeluda, uma entidade sobrenatural que teria assombrado as ruas do Recife durante a década de 1970. Aparecendo onde menos se esperava (e por falar nisso, onde é que alguém esperaria que aparecesse?), esta criatura era o oposto-simétrico do Saci Pererê. Ou seja, era uma perna-sem-pessoa, em vez de uma pessoa-sem-perna. Surgia pulando (eu já ia dizer “pulando num pé só”), atacava os transeuntes, dava chute em todo mundo, e depois fugia pulando. Foi cantada em verso e em prosa.
Apareceu como protagonista em folhetos de cordel como ‘A Perna Cabeluda’ de Tiúma, ‘São Lourenço’ de José Soares, inclusive um em que ela enfrentava outra criatura mítica, ‘A Véia Debaixo da Cama e a Perna Cabeluda’ de José Costa Leite. Apareceu também em um vídeo de Marcelo Gomes, ‘A Perna Cabeluda’ (1995). Figurou em shows de Chico Science & Nação Zumbi: Chico dançava com uma perna de pano estufada, e depois a jogava no meio da platéia. Eu próprio a utilizei como tema num curta para TV de 40 minutos para o programa Viva Pernambuco, em 1996, dirigido por Romero de Andrade Lima e Cláudio Assis.
Apareceu como protagonista em folhetos de cordel como ‘A Perna Cabeluda’ de Tiúma, ‘São Lourenço’ de José Soares, inclusive um em que ela enfrentava outra criatura mítica, ‘A Véia Debaixo da Cama e a Perna Cabeluda’ de José Costa Leite. Apareceu também em um vídeo de Marcelo Gomes, ‘A Perna Cabeluda’ (1995). Figurou em shows de Chico Science & Nação Zumbi: Chico dançava com uma perna de pano estufada, e depois a jogava no meio da platéia. Eu próprio a utilizei como tema num curta para TV de 40 minutos para o programa Viva Pernambuco, em 1996, dirigido por Romero de Andrade Lima e Cláudio Assis.
“A Perna Cabeluda é um bom exemplo de como surgem essas criaturas folclóricas. Uma vez eu estava em Recife conversando com o escritor Raimundo Carrero, que me deu uma versão para o surgimento dessa lenda. Ele e Jota Ferreira tinham um programa de rádio (pelo que me lembro ele era redator e Jota Ferreira o apresentador, mas posso estar enganado). E uma noite, entre uma música e outra deram uma notinha humorística, mais ou menos assim: ‘Pois é, meu amigo, a vida no Recife não anda nada fácil!… Chega agora à nossa redação a notícia de que Fulano de Tal, guarda-noturno, chegou em casa depois de uma jornada de trabalho e deitou-se para dormir ao lado de sua esposa. Ouviu um barulho, e ao olhar para baixo viu uma perna cabeluda embaixo da cama!’
“A intenção era sugerir, com a imagem da perna cabeluda, a presença do ‘urso’, do amante da esposa. A nota provocou muitos risos, e no dia seguinte, eles voltaram à carga. ‘E atenção, minha gente… Sicrano de Tal, morador da Imbiribeira, chegou em casa de viagem, e para sua surpresa viu a perna cabeluda fugindo pela porta da cozinha!’. E aí não parou mais. Usada inicialmente como uma sinédoque visual (a parte pelo todo), a perna acabou ganhando vida própria. Isto não quer dizer que qualquer coisa inventada vire automaticamente uma lenda.
Neste caso específico, virou porque a imagem resultante ficou ao mesmo tempo absurda e engraçada, ou pelo menos assim pareceu à galera onde a história começou a circular (ouvintes de rádio dos subúrbios recifenses). Imagens e figuras semelhantes são lançadas diariamente no caldeirão cultural. É um processo aleatório. Umas pegam, outras não. ‘Cultura popular’ talvez se defina por este aspecto aleatório, onde não se pesquisa, não se planeja, e as criações dão certo meio que por acaso”.
Neste caso específico, virou porque a imagem resultante ficou ao mesmo tempo absurda e engraçada, ou pelo menos assim pareceu à galera onde a história começou a circular (ouvintes de rádio dos subúrbios recifenses). Imagens e figuras semelhantes são lançadas diariamente no caldeirão cultural. É um processo aleatório. Umas pegam, outras não. ‘Cultura popular’ talvez se defina por este aspecto aleatório, onde não se pesquisa, não se planeja, e as criações dão certo meio que por acaso”.
E assim a história continua sendo narrada aqui, ali e acolá, e cada vez que isso acontece o mito da Perna Cabeluda aumenta um pouquinho mais.
FERNANDO KITZINGER DANNEMANN
A Lenda do Papa Figo
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Por trás de cada mito existente, há uma angústia humana mal compreendida
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O Papa Figo, ao contrário dos outros mitos, não tem aparência extraordinária. Parece mais com uma pessoa comum. Outras vezes, pode parecer como um velho esquisito que carrega um grande saco às costas.
Na verdade, ele mesmo pouco aparece. Prefere mandar seus ajudantes em busca de suas vítimas. Os ajudantes por sua vez, usam de todos os artifícios para atrair as vítimas, todas crianças. Para isso vale distribuir presentes, doces, moedas ou cédulas de dinheiro, brincar fazendo caretas, brinquedos ou comida. Eles agem em qualquer lugar público ou em portas de escolas, parques, ou locais com pouco movimento.
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